Pouco antes da segunda guerra, o filósofo e paleontólogo Teilhard de Chardin apontava, profeticamente, em sua obra “Fenômeno Humano”, que o ser humano após percorrer longamente o caminho da análise, chegava finalmente à luminosa síntese, o início da “consciencialização”, ou seja, uma tomada profunda de consciência do ser humano, a respeito da Vida.
Curiosamente Paulo Freire, um dos maiores expoentes da educação, afirmou, anos depois, “que antes de alfabetizar era preciso conscientizar”.
Em ambas as afirmativas é possível perceber o reconhecimento de um dos maiores desafios da história da humanidade: o autoconhecimento.
Sócrates, o filósofo da maiêutica, com sua genialidade ímpar já havia afirmando que “o conhece-te a ti mesmo é o princípio de toda a sabedoria”.
Então podemos pensar que: se o autoconhecimento vem de dentro e não de elementos externos, tais como palestras, conselhos, livros, etc., logo ninguém pode desperta-los no outro, mas, somente cada um, no silêncio de sua consciência, na quietude do seu ser, pode permitir o despertar da sabedoria da inteligência, que é clara, lucida, atenta e desperta.
Qualquer um de nós temos luz no mais profundo interno do nosso ser. A questão é desobstruir os empecilhos que por ignorância opomos o seu brilho. Então os livros, terapias, coaching, palestras ou qualquer registro externo nos possibilita o ato de observarmos junto com o autor, a grande sacada é a observação, os textos e quaisquer informações externas é para serem questionadas, degustadas e ruminadas para nos levar a uma reflexão, mas só você pode fazer isso com todas as informações externas, independente do canal de comunicação, assim, se dá uma consciência livre de padrões dos seus julgamentos, crenças, suas opiniões e suas experiências ao longo da vida.
“Meu povo sofre por falta de conhecimento”
Oséias 4:6
O autoconhecimento é percebido dentro da essência de si mesmo e da vida com toda sua subjetividade e objetividade, e a ferramenta básica do autoconhecimento é a auto-observação. Sem esse percebimento de nós mesmos, a própria percepção que é o instrumento da auto-observação fica obstruída ou tendenciosa, daí distorcemos os fatos e as verdades.
Desse modo é preciso observar o corpo as emoções, os pensamentos automáticos e disfuncionais.
Desse modo nos é recomendado nutrir corpos saudáveis, exercitados, alimentados, descansados, praticando a fé e evitando todo e qualquer tipo de exageros, qualquer desajuste nos leva ao caos.
Todos nós sempre cometemos erros.
Quem não comete nenhum erro no que diz é uma pessoa madura, capaz de controlar todo o seu corpo.
Tiago 3:2
Tudo em nós é emoção, e há um grande e permanente trabalho as ser feito, não existe a possibilidade de acabar com as emoções, graças a Deus que não, já pensou um mundo sem elas? As emoções podem ser nossas aliadas, mas é preciso ser conhecidas, trabalhadas e acolhidas, mas para isso é necessário observá-las no exato momento em que se manifestam com isenção de julgamentos, lembre-se que a maioria das emoções estão relacionadas com o nosso desejo, nosso querer, perdas, aquilo que nos incomoda ou aborrece é o que não queremos.
A raiva, o ciúme a inveja à promiscuidade, assim como todas as manifestações emocionais precisam ser percebidas para que não nos engane.
Ao nos observarmos não gostamos do que vemos, não nos agrada ver a nossa sombra, a nossa autoimagem não combina com o que estamos vendo e isso nos incomoda.
Somos reativos a fatos subjetivos seja em forma de orgulho, medo compulsão ou qualquer outra emoção que se manifeste, porque não gostamos do que vemos, daí a observação cessa
Precisamos ter coragem, disciplina e humildade para trabalhar nossas emoções e pensamentos, não devemos permitir que a autoimagem interfira nessa observação, é preciso ver os detalhes mais sórdidos mais cruéis e egoístas da nossa natureza emocional.
O objetivo de começar um processo de autoconhecimento é ampliar a consciência e aumentar o bem-estar. Quando bem encaminhada, são muitos os benefícios dessa prática, principalmente o que se refere aos processos de mudança emocional aos quais estamos tão vulneráveis durante toda a nossa existência. Se conhecer requer uma educação crítica, se você precisa de mudança em sua mentalidade ou em seu modo de agir você precisa saber como seu cérebro funciona e como pode ser seu aliado. Eu te pergunto: O quanto você ainda tem que perder por causa do seu comportamento? Você não é uma vítima. Você pode controlar suas reações. Você tem uma escolha.
Você merece ter uma vida plena de realizações.
Lembre-se sempre, não se muda aquilo que não se conhece, daí a importância de buscarmos ajuda de profissionais de confiança para realizar um trabalho que nos conduza a jornada do autoconhecimento.
Vânia Fontes
Sócia Soft Skills, Analista Perfil Comportamental, Treinadora, Master Coach.