O ATUAL CENÁRIO DA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO CIVIL BRASILEIRA

A indústria da construção civil é uma importante mola propulsora da economia nacional, por se tratar de uma grande cadeia produtiva, fonte geradora de emprego e renda. Essa cadeia agrega construtoras, siderúrgicas (aço), indústrias: de cimento, materiais cerâmicos, plásticos, pré-fabricados de concreto e aço, além de concreto usinado, argamassas, materiais minerais, asfalto, dentre outros. Portanto, um setor gerador de emprego e renda. Para se ter uma ideia, em fevereiro do corrente ano, com toda a pandemia, o saldo de empregos formais gerados no setor foi 328 mil, conforme dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Novo CAGED).  

O setor da construção civil então vinha apresentando um crescimento ascendente, principalmente entre 2002 e 2012. Todavia começou a perder força por conta da crise econômica e política que se abateu sobre o país desde, aproximadamente, 2014, a partir da qual o país vem apresentando pífios índices do Produto Interno Bruto (PIB), denotando uma desaceleração da economia como um todo, afetando a cadeia da construção e ceifando muitos empregos.

Este quadro se agravou a partir de 2020 com o início da famigerada pandemia da Covid 19.  Em 2021, já se verificava uma certa recuperação do PIB da construção, necessária para atender à demanda habitacional, sobretudo na baixa renda, bem como garantir e ampliar a infraestrutura do país, a exemplo de obras de saneamento básico, rodovias e ferrovias. Todavia, em fevereiro deste ano de 2022, o Brasil e o mundo foram surpreendidos e afetados com a guerra entre a Rússia e a Ucrânia.

Segundo a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), com a pandemia e a chegada da guerra, houve um notório aumento da inflação e da taxa de juros. A Taxa Selic já chega, hoje, a 12,75% ao ano. Nesse contexto, pode-se constatar um expressivo aumento dos preços de importantes commodities para a construção civil, a exemplo do minério de ferro, alumínio, cobre, petróleo e seus derivados. Em relação aos insumos energéticos, em particular a gasolina e o óleo diesel, verifica-se uma expressiva repercussão no custo dos fretes e equipamentos.

Tal escalada de aumentos tem elevado, sobremaneira, os preços dos principais insumos da cadeia produtiva da construção, a exemplo do aço, cimento, asfalto, materiais plásticos, elétricos e hidráulicos, os quais, desde 2020, pressionam os custos de construção. O aço, por exemplo, aumentou mais de 100% a partir do início da crise pandêmica, tendo ocorrido novo aumento agora em abril de 2022. Tudo isto tem gerado um clima de insegurança e conseqüente retração nos investimentos em imóveis e outros segmentos da construção civil, inclusive obras de infraestrutura.

É mister registrar que, com a vigência do PLN 2/2022, sancionado pela Presidência da República, foi possível zerar os impostos federais PIS/COFINS incidentes sobre os combustíveis, bem como limitar os Estados no que tange ao ICMS, no máximo, em 18% incidente sobre os preços de pauta do óleo diesel, gasolina e etanol, até então na casa dos 30%. Portanto, estancaram-se os aumentos abruptos que vinham ocorrendo, permitindo uma redução, a partir do final de junho/2022, nos preçosdos combustíveis na bomba para o consumidor final, sobretudo em relação às carretas, caminhões, outros veículos, máquinas e equipamentos a base de combustíveis derivados do petróleo utilizados na cadeia da construção. Apesar dos avanços, espera-se que tais reduções possam vir a ser ainda mais expressivas, principalmente em relação ao diesel.

Desse modo, poder-se-ão evitar novos aumentos ou mesmo mitigar os atuais preços dos insumos e serviços que integram a cadeia da construção civil, visando fomentar este estratégico setor da economia.

Enfim, é necessário atravessar o quanto antes essa forte turbulência mundial que vem afetando a economia nacional, para que se tenha uma retomada do crescimento da construção civil e que seja devidamente inserida na chamada “4ª Revolução Industrial”. Neste sentido, é preciso também um efetivo investimento em educação, inovação e tecnologia, com o apoio dos governos federal, estaduais e municipais, sobretudo ao setor da indústria, sem perder de vista o comércio e serviços, propiciando um desenvolvimento sustentável do Brasil, com paz e prosperidade para as novas gerações. 

Carlos Henrique Jorge Gantois
Vice Presidente da ACB e do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos de Cimentos.
Eng.Civil e M.Sc em Economia das Organizações/Desenvolvimento Regional.

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